03/04/11

Habilitações

Julgar as pessoas pelas aparências sempre foi um erro comum de qualquer mortal. Coisas como, "a primeira impressão nunca engana, ou é a que fica" é uma treta pegada. Desculpem lá, mas isso é de quem tem duas palas ou horizontes bem limitados.
Mas mau mesmo, é o que isso provoca, criam-se pressupostos errados, pensa-se pelos outros, e depois somos apanhados na curva, surpreendidos. Às vezes até é agradável, mas a maior parte das vezes, serve mesmo é para ser-mos olhados como idiotas ou limitados.
Quantas pessoas já o fizeram comigo, pensavam que era outro tipo de pessoa, que tinha outras intenções, que era um otário, e depois mudavam a postura, agradados. Too late, já foste...
Nunca subestimo ninguém, nunca me agarro a impressões ou intuições, porque o mais provável é errar. Nisso aplico sempre o só sei que nada sei, e a partir daí constrói-se a realidade, não se perde tempo a especular, para quê?
Isto lembra-me um episódio que tive com um agente da autoridade, um PSP. Certa noite de copos numa discoteca, um dos meus amigos foi expulso por mau comportamento, mas revoltado foi apresentar queixa à esquadra, eu os outros dois que estavam com ele lá o acompanhamos. Encontramos 3 agentes logo à entrada e lá começou ele a exigir que o acompanhassem para o meterem de novo na disconight, a discussão foi parar a questões legais, e aí a porca torceu o rabo, um dos polícias virou-se para ele com aquele ar de superioridade que a farda lhe incutia e questionou-o sobre as leis aplicáveis ao incidente, perguntou-lhe qual o curso que frequentava, ao que ele respondeu cabisbaixo: Desporto! O homem lá continuou com o seguinte: e você? Gestão! respondeu um, e o outro quando lhe tocou a vez: Antropologia!
Estava quase a  arrumar-nos, até que chegou a minha vez, e você em que curso anda? "Direito, 5.º ano da universidade de Coimbra, e pelo artigo XPTO do decreto lei 12641/52634 de mil novecentos e carqueja, o senhor tem que acompanhar o meu amigo até à discoteca  e metê-lo lá dentro ou aplicar uma multa à casa"... colou, esboçamos todos um sorriso, e quando o agente contrariado se estava a preparar para nos acompanhar, lá lhe dissemos que era tarde e que também já não valia a pena, viramos costas e uns passos à frente desatamos a rir.