Só recentemente tive a feliz ideia de tentar saber quem era o meu avô materno. Faleceu quando eu devia ter apenas alguns meses, nunca o conheci, apenas de fotos e ouvir uma história ou outra da minha mãe.
- Mãe, como era o avô? como era como pessoa?
E então começou a contar-me, o homem, o pai que ele era, trabalhador, esforçado, duro, frio... eram outros tempos, o pão tinha que se desbravar todos os dias da terra, não havia muito tempo para pensar, o esforço físico não deixava muita margem à cabecinha para se perder. Outros tempos...
Depois disto fiquei surpreso, sem perguntar, ouvi uma confissão sobre a minha avó. O homem da vida dela não era o meu avô, se o ciclo natural das coisas, se o amor tivesse levado a sua avante, eu não "era". A paixão dela tinha emigrado para o Brasil, teria ela os seus 18 ou 19 anos, tentou, berrou, gritou, mas os meus bisavôs impediram-a, e acabou por casar com um homem com terras, poucas, mas que davam para sustentar uma família, e 15 anos mais velho. Cumpriu o seu papel, teve 3 filhas e um filho, trabalhou, educou de forma muitas vezes dura, mas viveu toda a vida, e ainda vive possivelmente com a imagem daquele amor de tenra idade que abalou para terras de Vera Cruz.
Quem diria, eu, que sou um romântico, que acredito que o Amor está acima de tudo, que leva sempre a melhor, sobre tudo e todos, devo a minha existência, precisamente ao seu fracasso. E ainda me queixo.
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